quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Lição da Libertadores

Não é novidade para os amantes do futebol o abismo que separa economicamente os clubes brasileiros dos demais clubes sul-americanos. A realidade tende a ser cruel e da mesma forma que temos condições de arrancar as jovens promessas de nossos vizinhos, os europeus e asiáticos têm esse mesmo poder em relação a nós. Aí eu me pergunto: será que esse poder econômico faz tanta diferença?

San Lorenzo na Libertadores 2014


Obviamente que num campeonato de pontos corridos, onde o bom planejamento é essencial para se conquistar o título, o poder econômico de um clube geralmente indica como será sua trajetória, mas num torneio de mata-mata afirmo com convicção que todo clube precisa de uma pitada de sorte e garra. Para comprovar minha tese, gostaria de exemplificar com um dos finalistas da Libertadores: San Lorenzo. O time de Almagro, que tem baixo orçamento para salário e paga algo em torno de 80 mil reais para Ignácio Piatti, jogador mais caro do clube, que recebe o equivalente a 20% do salário de Dedé, se tornou o algoz brasileiro na competição batendo o Botafogo na primeira fase, eliminando o Grêmio (disputa por pênaltis) e o Cruzeiro (empate no Mineirão), mostrando que o futebol não é uma ciência exata. Os argentinos, que fizeram apenas a 15º pior campanha dentre os times que ficaram em segundo colocado no seu grupo, foram crescendo na competição e derrubaram todos os prognósticos, avançando graças ao suor e garra dos seus atletas e o apoio dos seus torcedores, que fazem belíssimas festas no Nuevo Gasómetro. Lá, o time do Papa venceu 5 dos 6 jogos e traça o seu caminho ao título, dando uma aula aos times brasileiros nessa Libertadores.


Essas derrotas são verdadeiros avisos aos dirigentes brasileiros de que dinheiro não é tudo no meio futebolístico. Essa lição vale desde aos preços de ingressos praticados no nosso país até a montagem dos elencos, provando que nem sempre os jogadores mais caros são os que trazem os melhores resultados. Por fim, vale ressaltar que a eliminação desses clubes pôs fim a escrita de 23 anos com clubes brasileiros na semi-final, pondo em xeque a hegemonia dos nossos clubes na América do Sul e, sobretudo, nos mostra que dinheiro não é tudo no meio do futebol.

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