Não é novidade para os
amantes do futebol o abismo que separa economicamente os clubes brasileiros dos
demais clubes sul-americanos. A realidade tende a ser cruel e da mesma forma
que temos condições de arrancar as jovens promessas de nossos vizinhos, os
europeus e asiáticos têm esse mesmo poder em relação a nós. Aí eu me pergunto:
será que esse poder econômico faz tanta diferença?
San Lorenzo na Libertadores 2014 |
Obviamente que num
campeonato de pontos corridos, onde o bom planejamento é essencial para se
conquistar o título, o poder econômico de um clube geralmente indica como será
sua trajetória, mas num torneio de mata-mata afirmo com convicção que todo
clube precisa de uma pitada de sorte e garra. Para comprovar minha tese, gostaria
de exemplificar com um dos finalistas da Libertadores: San Lorenzo. O time de
Almagro, que tem baixo orçamento para salário e paga algo em torno de 80 mil reais
para Ignácio Piatti, jogador mais caro do clube, que recebe o equivalente a 20%
do salário de Dedé, se tornou o algoz brasileiro na competição batendo o Botafogo
na primeira fase, eliminando o Grêmio (disputa por pênaltis) e o Cruzeiro (empate
no Mineirão), mostrando que o futebol não é uma ciência exata. Os argentinos,
que fizeram apenas a 15º pior campanha dentre os times que ficaram em segundo
colocado no seu grupo, foram crescendo na competição e derrubaram todos os prognósticos,
avançando graças ao suor e garra dos seus atletas e o apoio dos seus torcedores,
que fazem belíssimas festas no Nuevo Gasómetro. Lá, o time do Papa venceu 5 dos
6 jogos e traça o seu caminho ao título, dando uma aula aos times brasileiros
nessa Libertadores.
Essas derrotas são
verdadeiros avisos aos dirigentes brasileiros de que dinheiro não é tudo no
meio futebolístico. Essa lição vale desde aos preços de ingressos praticados no
nosso país até a montagem dos elencos, provando que nem sempre os jogadores
mais caros são os que trazem os melhores resultados. Por fim, vale ressaltar
que a eliminação desses clubes pôs fim a escrita de 23 anos com clubes
brasileiros na semi-final, pondo em xeque a hegemonia dos nossos clubes na
América do Sul e, sobretudo, nos mostra que dinheiro não é tudo no meio do
futebol.
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