segunda-feira, 21 de julho de 2014

A relação entre futebol e religião

Para muitos, o futebol é apenas um esporte de espetáculo vazio de conteúdo. Já dizia o ditado: "o futebol é o ópio do povo". Para mim, o futebol é uma religião, quem sabe a maior do mundo, e os times são verdadeiras divindades. No relativo vazio espiritual do mundo contemporâneo, muita gente substituiu as antigas religiões pelos clubes de futebol. E eu sou uma delas.

Como um bom 'religioso' e apaixonado por esse esporte sempre frequentei o estádio, templo máximo dessa religião, principalmente para assistir meu clube de coração. Nele vivenciei o paraíso das grandes vitórias, e também o inferno das duras derrotas. Vi na maioria das vezes meu time ser massacrado e humilhado. Presenciei a queda do Bahia da série A do Campeonato Brasileiro para a série C. Também vi o descaso de uma diretoria que conseguia transformar o purgatório num verdadeiro inferno, após não alcançar o acesso à série B do futebol nacional. Foi duro! O tricolor viveu momentos dificílimos e quase decretou falência, mas os milhões de fiéis da divindade da Terra do Dendê lutaram para levar o Bahia ao seu devido lugar. Mudou a diretoria, saiu Petrônio e entrou Marcelo Guimarães Filho, porém o sofrimento continuou e os torcedores começaram a pôr em xeque essa tal divindade. Durante três anos na série B sofremos muito e tudo indicava a uma apostásia (renegação de uma religião ou renúncia à uma fé), porém à medida que a situação se complicava, os torcedores passaram a se unir ainda mais.

Apesar de todas as dificuldades, o retorno a série de elite veio após o elo criado entre os torcedores e jogadores, em 2010. Entretanto, os resultados na série A e as inúmeras denúncias de irregularidades fez crescer ainda mais o descontentamento com MGF e sua cúpula. Com muita luta e suor, a antiga diretória caiu e assim fez surgir um clube muito mais transparente e com cara de vencedor, inclusive vencendo o último campeonato baiano com muita tranquilidade. Assim posso concluir dizendo que voltamos de maneira apoteótica a lutar pela hegemonia do estado, porém vale citar o historiador e pesquisador Hilário Franco Jr: "De fato, o futebol é o sistema religioso autônomo e coerente de representações, crenças e práticas, é antes mosaico constituído de peças de variadas procedências. Ele não propõe uma visão transcendental do mundo, um futuro melhor ao seus seguidores. Isto é impossível, pois a vitória ininterrupta de um deus provocaria a extinção de outros e, por conseguinte, a do próprio vencedor". Ou seja, desejamos sempre a soberania de nosso time e a destruição do rival, mas precisa-se dele para que a existência da própria divindade adotada faça sentido. Enfim, posso concluir afirmando que o futebol é sim uma religião, e o Bahia é uma verdadeira divindade.

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