quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Talisca: meio fenómeno, meio incógnita

*Por João Tiago Figueiredo, jornalista português do Portal Maisfutebol e estreante no Vareio.



Está em Portugal há uns três meses e nesta altura ainda ninguém sabe muito bem o que pensar de Talisca. Provavelmente, apenas o treinador o Benfica, Jorge Jesus, terá certezas sobre o potencial deste brasileiro que começou como médio de transição, o chamado volante do Brasil, mas, logo no primeiro jogo oficial, atuou como segundo avançado. 

De início, é preciso realçar, Talisca não convenceu. Marcou um golo na estreia, num particular com o Estoril. Golo importante, que valeu a vitória. Mas o resto da pré-época, à semelhança da equipa toda (e, porventura, por causa disso) foi medíocre.

Talisca estava a «fazer de» Enzo Pérez, o melhor jogador do Benfica, numa altura em que se acreditava piamente que fosse sair para o Valência, de Espanha. A pressão era imensa. 

A juntar a isto, e como a equipa não ganhava (a prestação na Emirates Cup, em Londres, foi humilhante), questionava-se muito a política de contratação do clube da Luz. E também o que fazer aos jovens da formação. 



Porquê apostar em Talisca, um jovem de 20 anos que tinha vindo do Bahia, e não num jogador como Bernardo Silva, agora no Mónaco, com anos de clube, que sabia o que era o Benfica, era benfiquista, conhecia a dimensão e a exigência dos adeptos. Talisca tinha de aprender tudo isto, Bernardo não. 

Jorge Jesus está longe de ser um treinador que aposte na formação. É, aliás, uma das principais críticas que recebe. Jesus gosta de ter consigo os melhores. Quer ganhar ontem. É verdade que potencia e faz crescer muitos jogadores (Fábio Coentrão, Di María, Enzo Pérez, Matic, Rodrigo…), mas tem de sentir que o talento está lá. Não perde tempo se não tiver a certeza disso. 

E Jesus apostou em Talisca. Certamente porque confiava nele. Puxou-o para a frente no terreno e no jogo da Supertaça, com o Rio Ave, já mostrou algo mais. A aposta manteve-se, Talisca foi respondendo entre a timidez e a confiança. Até Setúbal. Aí explodiu. Fez três golos, foi o homem do jogo e, de repente, o Benfica ganhava um craque. 

Em Portugal os jornais despertaram para Talisca. Contaram a sua história, procuraram as raízes, ouviram responsáveis que o acompanharam no Bahia. Nos cafés e nas ruas, sempre que se falava de futebol e de Benfica, lá vinha o nome de Talisca. 

A entrevista de José Mourinho, a garantir que clubes ingleses tentaram a sua contratação, foi o último passo na afirmação de «Talisca Superstar». Um fenómeno que, contudo, não está completo.
Meio fenómeno, meio incógnita. Continua a ser cedo para perceber o que vale ao certo Talisca num futebol como o português. Tem condições para triunfar, já tem o público do seu lado e está a ganhar confiança. É esperar, portanto.

            

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